Uma equipa de cientistas identificou a regeneração de membros em fósseis de animais com quase 300 milhões de anos, segundo um estudo publicado na revista Nature. Para os cientistas, poderá restar um vestígio deste mecanismo molecular de regeneração no ADN de todos os tetrápodes, o grupo de animais onde estão os anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Os humanos conseguem reconstruir o fígado se ele for parcialmente destruído. Para isso, há multiplicação das células e uma organização precisa dos vários tecidos que compõem aquele órgão. Mesmo assim, o novo fígado não recupera a antiga forma, algo que é fundamental na regeneração de um membro: um braço depende da sua forma para ser um braço. E, uma vez perdidos um braço ou uma perna ficam perdidos para sempre. É uma obra complexa.
Mas a natureza está aí para mostrar alternativas: as lagartixas perdem facilmente a cauda quando são apanhadas por um predador. E volta a crescer, não uma cauda, mas uma pseudo-cauda: continua a cumprir uma função de equilíbrio, mas a arquitetura interna é diferente, pois, em vez de haver uma coluna vertebral, forma-se cartilagem. A verdadeira capacidade de regeneração cabe às salamandras e aos tritões: os únicos tetrápodes que voltam a reconstruir uma cauda ou uma pata com todos os tecidos internos.
O novo trabalho publicado na Nature contradiz esta perspetiva. A equipa de investigadores do Instituto para a Evolução e para a Ciência da Biodiversidade de Leibniz, na Alemanha, foi estudar fósseis de tetrápodes que viveram há cerca de 300 milhões de anos, 80 milhões de anos antes de as salamandras surgirem no registo fóssil. “Os fósseis usados no nosso estudo representam membros de diferentes grupos de anfíbios da era Paleozoica”, afirma Nadia Fröbisch, uma das autoras do trabalho.
A equipa estudou espécies de Temnospondyli, entre as quais está um antepassado antigo das salamandras, e espécies de Lepospondyli, um grupo que está mais próximo dos amniotas – os tetrápodes completamente terrestres, que deram origem aos répteis, aos mamíferos e às aves.
Os cientistas notaram marcas de regeneração ao compararem a pata traseira esquerda com a pata traseira direita. “Num dos lados, os ossos dos membros estão bem diferenciados e ossificados de acordo com o estado de desenvolvimento de todo o fóssil, mas do outro lado só os ossos da perna junto ao tronco estão bem desenvolvidos, enquanto os ossos mais distantes se encontram mais imaturos, indicando que estão em regeneração”, acrescenta a cientista.
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Exemplo de Amniota - Tartaruga |
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Fóssil de anfíbio do grupo Temnospondyli |
Mariana Rocha (7.º ano)