terça-feira, 2 de maio de 2017

Esta lagarta acha que os sacos de plástico são muito saborosos

     Uma equipa de cientistas descobriu que a espécie Galleria mellonella, também conhecida por traça-da-cera, cujas lagartas normalmente se deliciam com o mel e a cera das abelhas, também se alimentam de plástico. E quando dizemos plástico, referimo-nos a polietileno, um dos materiais plásticos mais resistentes e que estão na composição dos sacos de plástico das compras. Ou seja, estas lagartas podem ajudar a combater a poluição de plástico no planeta.

     Só se é lagarta uma vez na vida de um inseto lepidóptero. No caso da Galleria mellonella, que se encontra por toda a Europa (incluindo Portugal), apenas é lagarta durante seis a sete semanas e cresce a uma temperatura de 28 a 34 graus Celsius. Durante esse tempo, esta lagarta produz seda e faz o seu casulo. Para isso, tem de comer muito.

     Federica Bertocchini é apicultora nas horas vagas. Em 2012, quando estava a limpar as colmeias que tem em casa, reparou que algumas lagartas da traça-da-cera que tinha guardado tinham comido o saco de plástico onde estavam. Esse foi então o ponto de partida para a sua investigação, uma vez que quis perceber por que é que estas lagartas se satisfaziam com o plástico dada a sua resistência e o facto de ser difícil de degradar - ao todo, um saco de plástico demora quase 100 anos a decompor-se completamente e os mais resistentes levam cerca de 400 anos.


     O anúncio da nova refeição das lagartas da traça-da-cera pode vir a ser uma boa notícia para o ambiente. O polietileno representa cerca de 92% da produção de plástico e 40% do material dos sacos de plástico. Todos os anos são produzidos cerca de 80 milhões de toneladas de polietileno no mundo. Estima-se ainda que todos os anos cada pessoa use mais de 230 sacos de plástico, o que corresponde a mais de 100000 toneladas deste tipo de plástico. “Encontrámos um mecanismo capaz de biodegradar o polietileno”, sublinha a apicultora.

     Quanto ao futuro destas lagartas, depois de saciadas por mel ou plástico (e combaterem a poluição), é o mesmo de todas as outras: transformam-se em traças esvoaçantes.


Mariana Rocha (8.ºA)

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